domingo, 10 de agosto de 2014

Dez de Agosto de dois mil e quatorze, dia dos pais.

Há alguns anos o meu pai saiu de casa e, para minha surpresa, nada mudou muito. Isso me decepcionou um pouco. Quando alguém que você ama sai do seu convívio é de se esperar que a saudade bata mais forte ou que você fique meio perdida, compreensível.
Acontece que o meu pai nunca foi tão presente em casa, também não foi um pai amoroso.
Lembro que quando eu era criança sempre assistia o jornal nacional com ele. Hoje eu me dei conta que ele não assistia comigo, ficávamos lado a lado no sofá, mas eu não podia perguntar nada antes dos comerciais pra não atrapalhar ele. A cada chegada do trabalho eu corria para beijá-lo e quase sempre ele se afastava dizendo que estava suado.
Outras lembranças fortes que eu tenho são de quando ele bebia e do estado de cólera que isso provocava em mim.
Imagino que desenvolvi o hábito da leitura para estar mais perto dele, ou para receber sua atenção, não sei.
Quantas pessoas passam por isso?
Quantas pessoas não tem pai?
Morar na mesma casa que o seu genitor não é garantia de convívio com um pai, alguns pais só sabem ser provedores.
Feira, ok
Roupas de fim de ano, ok
Mensalidade em dia, ok
Mas remoer lembranças não adianta nada e eu só posso fazer uma coisa para tentar melhorar essa situação: cuidar para que meu filho seja um homem que saiba amar e dar carinho. Mostrar pra ele que homem pode chorar sim, pode cuidar e ser sensível com as necessidades alheias, principalmente com as dos seus filhos.
Várias gerações passaram pelo que passo hoje. Muita gente vive (e viveu) sem saber dar amor e eu não quero isso para o meu filho. No que depender de mim, essa corrente será quebrada. Meus netos terão um pai companheiro e atento de quem poderão se orgulhar e ter boas lembranças. E eu... bom, eu ficarei muito feliz sabendo disso.